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Tudo sobre "O INVERNO DO NOSSO DESCONTENTAMENTO– NOSSO RICARDO III"

O espetáculo que foi sucesso em janeiro no Teatro da Santa Casa, está de volta em nova temporada, dessa vez no Teatro Bruno Kiefer (Casa de Cultura Mario Quintana). Conheça a peça "O INVERNO DO NOSSO DESCONTENTAMENTO – NOSSO RICARDO III" dirigida por Luciano Alabarse e com atuações de Marcelo Àdams e Margarida Peixoto.

O espetáculo celebra os 20 anos de trajetória ininterrupta da Cia Teatro ao Quadrado no teatro gaúcho, ao mesmo tempo em que marca o retorno das atividades presenciais da companhia, após quase dois anos de afastamento dos palcos, em função da pandemia do coronavírus. Dirigida por Luciano Alabarse e tendo no elenco dois grandes nomes da cena teatral do Rio Grande do Sul – Marcelo Ádams e Margarida Peixoto –, a montagem parte de uma das obras-primas do dramaturgo inglês William Shakespeare, “A tragédia do rei Ricardo III”, para falar do mundo contemporâneo. São tematizadas, no espetáculo, questões como a luta pelo poder, a violência, o descompasso entre os desejos dos governantes e os da população, o neocolonialismo e os regimes autocráticos ao longo da História humana.


A palavra “nosso” no título do espetáculo frisa a liberdade com a qual a companhia lidou com o material histórico-mítico fornecido por Shakespeare, transformando uma tragédia escrita no século 16 em um urro indignado sobre o século 21. A encenação traz a poesia e a virulência típicas do dramaturgo inglês em um de seus textos mais conhecidos para comemorar as duas décadas de resistência artística da Cia Teatro ao Quadrado. Marca ainda o retorno ao trabalho como encenador de Luciano Alabarse – ele assina a direção do espetáculo, no qual se destacam as impactantes atuações de Marcelo Ádams e de Margarida Peixoto.


Segundo Luciane Alabarse, O inverno do nosso descontentamento– Nosso Ricardo III renova sua relação de entusiasmo com o ofício da direção teatral. “Projeto discutido com Marcelo Ádams e Margarida Peixoto, sem pressa, todos nós imersos nas incertezas da pandemia, aproveitamos o tempo de resguardo para amadurecer as metas da montagem, inclusive a principal delas: retomar nosso trabalho apenas em condições presenciais”, revela Alabarse.


Para Ádams e Peixoto, a satisfação em criar um novo espetáculo ombreia com a de poder reencontrar o público presencialmente. “Nesses quase dois anos de pandemia – o tempo de afastamento desse contato irreprodutível em qualquer plataforma virtual –, sentimos o peso desse tempo quase sem esperanças. Entretanto, e nisso acreditamos intensamente, o trem da História, após percorrer terrenos pantanosos, passa sobre planícies abertas, perspectivadas, nas quais ao olharmos à volta pressentimos a chegada de ventos mais propícios à vida, às vidas”.


As incertezas desse período pandêmico possibilitaram, paradoxalmente, um precioso tempo de estudo e de aprofundamento sobre o tema principal da peça – a violência desumanizadora que envolve os meandros do poder –, resultando que, ao se iniciarem os ensaios presenciais, a equipe de criação conhecia intensamente as complexidades e os desafios do roteiro construído nos meses preparatórios.


CONCEPÇÃO

O Ricardo de O inverno do nosso descontentamento– Nosso Ricardo III é o conhecido vilão shakespeariano, mas não apenas. Como ele próprio anuncia de forma metalinguística, retrata em si, e para além de si, os tiranos e os genocidas de todos os tempos, incluindo o nosso. Esse é o mote para falar dos Ricardos que o sucederam. Prescindindo de um excesso de ferramentas tecnológicas, e investindo na artesania da cena, a estrutura dramatúrgica, complexa e surpreendente levou à escolha de uma estética cênica intensamente teatral.


Estruturadas individualmente, as cenas foram construídas de forma épica, cada uma como um universo em si mesmo. Fragmentos de outras peças de Shakespeare foram introduzidos, discussões e antropofagizações sobre os teatros e as ideias cênicas de nomes como Bertolt Brecht, Heiner Müller e Angélica Liddell, que foram tratados como fontes de inspiração e de estudos que guiaram as escolhas (a fragmentação épica de cenas que se sucedem rapidamente, a desconstrução de obras clássicas da literatura ocidental, a performatividade da linguagem cênica), citações de falas presidenciais e de fatos da política brasileira, tudo foi passando por depuração e contribuições pessoais – até chegar a uma estrutura dramatúrgica adequada ao nosso propósito.

 

INGRESSOS ANTECIPADOS:


A temporada vai de 17 a 27 de Março, sempre de Qui a Dom às 20h no Teatro Bruno Kiefer


Os ingressos antecipados estão disponíveis aqui:


 

Reconhecimento da crítica


“O inverno do nosso descontentamento - Nosso Ricardo III” realizou temporada de estreia de 13 a 16 de janeiro no Centro Cultural Santa Casa, de Porto Alegre, marcando a abertura do Festival Porto Verão Alegre, com grande sucesso de pública e crítica. Em sua coluna semanal no Jornal do Comércio (21/01/22), o crítico teatral Antônio Hohlfeldt assim pronunciou-se na critica intitulada Exorcismo de Fôlego: “(...) Desde o título, o espetáculo que comemora os 20 anos da Cia. Teatro ao Quadrado evidencia, simultaneamente, uma profunda, amadurecida e bem elaborada recriação da obra do bardo inglês, de tal maneira que a torna totalmente contemporânea. Mais que isso, fortemente vinculada aos fatos imediatos do século XX e especialmente dos anos mais recentes da história nacional (...). . E mais adiante, ele afirma: “(...) O espetáculo proposto por Alabarse, Ádams e Margarida é esta desconstrução/reconstrução que se transforma, como indica o título desta coluna, em exorcismo de fôlego (...).



Antônio Hohlfeldt ainda destaca outros diferenciais do espetáculo: “(...) O outro grande fôlego foi a produção, que não contou com apoio governamental, se concretizando mediante iniciativa do próprio grupo e de um restrito círculo de amigos e parceiros. Por fim, de fôlego extraordinário foi o espetáculo em si: Alabarse retorna a seus melhores momentos de diretor de cena quanto de ator; Ádams é simplesmente fantástico, e sua transformação em cena, logo na abertura, quando aparece enquanto ator e depois se torna o personagem, é antológica. Os dois grandes monólogos, um pela amplitude, o outro pela rapidez com que é apresentado, sem qualquer titubeio, tornar-se-ão referência obrigatória para todo ator. Margarida, longe de ser apenas uma escada, como se diz na gíria teatral, sem dizer uma única palavra, apresenta-se como uma figura que emula os nefastos eunucos e eternos puxa-sacos das autoridades que pululam por todos os palácios, e certamente não apenas em Brasília (...). O espetáculo, de pouco mais de hora e meia, jamais deixa o especta


dor respirar (...), declara o crítico.




Luiz Gonzaga Lopes, jornalista de cultura do jornal Corr




eio do Povo de Porto Alegre, escreveu em sua crítica ao espetáculo publicada no dia 22/01/2022, que “O espetáculo que comemora os 20 anos da Cia Teatro ao Quadrado, que tem como fundadores Marcelo e Margarida, arrebata por sua narrativa acelerada que parte do texto de Shakespeare (...) para tratar de líderes como Ricardo III e de outros como Adolf Hitler e o atual presidente brasileiro. A história, a mitologia, a metodologia, o processo de construção deste tipo de líder são expostos de forma avassaladora com intensa e ‘verbivocovisual’ atuação de Marcelo Ádams, utilizando um termo dos concretistas brasileiros para traduzir a sensação de êxtase e riso por boa parte da plateia (...). As falas aceleradas de Ádams ao retratar os líderes e a cumplicidade de jogo cênico da camaleônica Margarida Peixoto transformam o espetáculo em joia rara (...). Tudo corrobora para um envolvimento total da plateia. (...) É um espetáculo de atores, de diretor, de primor técnico, de reflexão sobre a sede e o uso egoico do poder seja no século XVI, XX ou XXI”, finaliza o jornalista.


 

FICHA TÉCNICA:

Encenação: LUCIANO ALABARSE

Atuação: MARCELO ÁDAMS e MARGARIDA PEIXOTO

Dramaturgia: LUCIANO ALABARSE, MARCELO ÁDAMS e MARGARIDA PEIXOTO, a partir de A tragédia do rei Ricardo III, de William Shakespeare

Figurinos: ANTONIO RABÀDAN

Cenografia: LUCIANO ALABARSE

Iluminação: MAURÍCIO MOURA e JOÃO FRAGA

Trilha sonora pesquisada: MARCELO ÁDAMS e LUCIANO ALABARSE

Operação de sonoplastia: LUIZ MANOEL

Produção: CIA TEATRO AO QUADRADO e LUCIANO ALABARSE

Identidade visual: DÍDI JUCÁ

Costureira: MARIA JOSÉ LEONI

Divulgação: AGÊNCIA CIGANA

Realização: CIA TEATRO AO QUADRADO 20 ANOS

Duração: 100min

Classificação etária: 16 anos.



 

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